by Marcelo Forggi - Sommelier e Advogado

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

REGULAMENTO

O concurso "O Melhor Sommelier do Brasil" tem como objetivo promover os sommeliers brasileiros e formá-los sobre as particularidades da região vitivinícola portuguesa do Alentejo, sendo organizado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana.


O concurso contempla ações em seis cidades brasileiras - em fevereiro passou por Recife, Belo Horizonte e Campinas, seguindo-se, em setembro, São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba - e englobará duas fases/provas: em cada uma das cidades, haverá uma prova escrita que conduzirá à seleção de dois finalistas, que serão premiados com um tour e tastings pelo Alentejo; já em Portugal, os finalistas irão submeter-se a uma prova prática final que irá eleger o "Melhor Sommelier Vinhos do Alentejo no Brasil".

INSCRIÇÕES / CONDIÇÕES DE ACESSO

As inscrições (gratuitas mas limitadas) deverão ser feitas através do email: inscricoes@vinhosdoalentejo.pt, com os seguintes dados:

1. No assunto do email, referir: Concurso O Melhor Sommelier do Brasil / São Paulo.

2. No corpo do email, indicar:

/ NOME
/ FORMAÇÃO
/ LOCAL DE TRABALHO
/ FUNÇÃO DESEMPENHADA - PROFISSÃO

3. Anexar ao email cópia de carteira profissional, contrato social ou qualquer outro comprovante da profissão.


Só serão admitidas inscrições de sommeliers que estejam exercendo a profissão em restaurantes ou lojas. Não serão aceites inscrições de sommeliers exercendo a atividade em importadoras. Serão ainda admitidas inscrições de estudantes de escolas de hotelaria e de cursos de sommelier, conforme as vagas disponíveis. 

Fonte: ABS SP - Facebook - 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Empresa cria método de serviço de vinho sem abrir a garrafa
Inovação
Há poucos dias, o mundo do vinho recebeu uma notícia quase revolucionaria. Uma empresa, chamada Coravin, desenvolveu um método de serviço de vinho em que a rolha da garrafa não precisa ser retirada para que o liquido escorra pelas taças.


Denominado de Wine Access System, o acessório se assemelha a um saca-rolhas, porém, sua função é exatamente o contrario. Por meio de uma agulha bem fina, que é inserida na rolha, o Wine Access System injeta uma dose de gás argônio, que pressuriza o interior da garrafa e empurra o vinho para fora, através de um bico que é encaixado no gargalo. Com a entrada desse gás, o oxigênio não encontra meios de se inserir dentro da garrafa, evitando, assim, a oxidação do conteúdo.
Depois de servir a quantidade de vinho desejada, é preciso apenas tirar a agulha do meio da rolha e guardar o equipamento, pois o espaço será fechado sozinho em pouquíssimo tempo. A garrafa se manterá vedada como se nunca tivesse sido aberta (e, na verdade, não foi). Assim, é possível escolher o rótulo que quiser, na quantidade que quiser, sem se preocupar em beber a garrafa inteira para que o conteúdo não estrague. Numa reunião entre muitas pessoas, por exemplo, não será necessário que todos bebam o mesmo vinho, pois não há perigo de oxidar.
“Nossa tecnologia resolve o eterno problema de oxidação do vinho após ele ser aberto. Como esse produto inovador, nós iremos transformar a experiência de se degustar um vinho, e será ótimo para bares e restaurantes, que vão poder oferecer mais vinhos em taça”, afirmou o CEO da Coravin, Nick Lazaris.
Um dos maiores entusiastas do novo acessório é Robert Parker. Em seu site (www.erobertparker.com), ele explica que o Wine Access é “o produto mais transformador que foi inventado nos últimos 30 anos”. O critico, inclusive, postou uma série de vídeos, mostrando como o acessório funciona, em sua página. 
Para quem ainda não entendeu muito bem como o Wine Access System, a Coravin produziu um vídeo-tutorial.




O formato da taça influencia o sabor do vinho?
Por: Marcello Borges
Qual a verdade sobre a influência da taça no sabor do vinho? Uma detalhada revisão da literatura ajuda a esclarecer o que existe por trás desse mito do vinho.


Em grande parte devido aos esforços de marketing de empresas fabricantes de taças ( de vinhos, muito se tem falado na influência do formato do taça sobre a apreciação do vinho. 
Qual o grau de veracidade dessa alegação? 
Noutras palavras, compensa adquirir uma gama completa de taças, praticamente um para cada varietal? Ou será suficiente ter dois ou três formatos, sem prejuízo para a plena satisfação do apreciador?
O mito das regiões da língua e da boca e a sensibilidade aos sabores
Um dos principais argumentos dos fabricantes de taças é que cada formato irá, teoricamente, lançar o vinho numa das regiões da boca que tem maior sensibilidade a  determinado sabor, realçando assim a principal uva desse ou daquele vinho.
O problema com essa alegação é que alguns artigos publicados em revistas científicas desmentiram a crença de que cada região da boca e da língua teria maior ou menor percepção a sabores. 
Aliás, não custa nada lembrar que a boca e a língua não "sentem" notas frutadas, minerais, terrosas ou florais: quem faz isso é o nariz. 
A boca e a língua são responsáveis basicamente pela percepção dos quatro sabores fundamentais: salgado, doce, azedo e amargo, com o acréscimo recente do quinto sabor, o umami, palavra japonesa que significa literalmente sabor gostoso e que estaria presente em condimentos do tipo Aji-no-moto e outros.
E, mesmo assim, não de forma pontual, como se tem acreditado, mas disperso.
Numa matéria publicada em 4 de maio de 2012 por O Globo, revela-se que "Não há um mapa da língua: não há zonas diferentes na língua para a percepção de doce, amargo, salgado e saboroso (sic). O mapa da língua que conhecemos é baseado em uma pesquisa de 1901 publicada pelo cientista alemão de fama duvidosa D. P. Hanig, desmascarado em 1974. As papilas gustativas têm, de fato, de 50 a 100 receptores para cada gosto, incluindo umami". 

Eis o que fala sobre o tema um artigo publicado em maio de 2008 pelo blog "Laboratório Aberto", uma iniciativa do IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto), da Câmara Municipal do Porto e da agência Ciência Viva:  
"Hoje foi-nos perguntado o que achávamos da realização de uma atividade para os mais novos relacionada com o famoso mapa da língua. Qual mapa da língua, pergunta o leitor? 
Aquele que nos tem vindo a ser ensinado há muitos anos, recorrente em manuais escolares e outra literatura de índole científico-pedagógica. Também aqui no Laboratório 
Aberto tínhamos já caído no erro de planear essa atividade, mas tal nunca foi avante porque… o mapa da língua é um mito!
Segue o artigo, falando agora sobre a alegada organização da língua:
O célebre mapa atesta que percebemos diferentes sabores em diferentes zonas da nossa língua. Assim, na ponta, seríamos capazes de identificar o doce; nas zonas laterais exteriores, o salgado; nas laterais interiores, o ácido; no fundo da língua, o amargo. Esta organização fez até com que vários fabricantes de taças de vinho para enólogos desenhassem as suas taças de forma a garantir que a bebida tome uma trajetória que tire proveito da fantástica organização deste músculo. Mas será mesmo assim?
O mesmo artigo, destaca a importância de experimentar:
Deparei-me com este assunto pela primeira vez quando, juntamente com uma colega que esteve já no Laboratório Aberto, se decidiu realizar esta atividade com turmas do primeiro ciclo. Apercebi-me, nesse dia, que eu nunca havia testado o alegado mapa. 
Ora, é uma regra sobejamente conhecida a de nunca realizar uma atividade sem a ter experimentado antes, pelo que, no dia seguinte, estava já rodeado de água com açúcar, água com sal, café e uma caixa de cotonetes. Comecei pelo café: mergulhei a cotonete no copo de plástico e toquei-lhe com a ponta da língua. Estranho: apesar da ponta da língua ser a zona do doce, foi imediata a percepção do azedo do café. Achei que era um efeito psicológico e pedi a colegas para me darem a provar a cotonete umedecida de um copo escolhido por eles, sem que me dissessem qual. Resultado: fui capaz de sentir qualquer um dos sabores em qualquer parte da língua. Achei que alguma coisa estava errada e decidi ir pesquisar um pouco mais sobre o assunto.
Ainda no mesmo artigo, considerações sobre a Origem de um Mito
Depois de uma simples busca no Google com as palavras tongue map (inglês para mapa da língua), eis que surgem dezenas de páginas sobre o fato de este não ser mais que um mito, com origem numa má interpretação dos resultados de uma experiência. Em 1901, um investigador alemão chamado D.P. Hanig decidiu testar a sensibilidade relativa da língua aos quatro gostos conhecidos (hoje sabe-se até que são cinco!). 


Ele não trabalhou com nenhum mecanismo para controlar a subjetividade dos voluntários nem utilizou qualquer grupo de controle, mas foi capaz de concluir que a sensibilidade da língua não era homogênea e que, por exemplo, o máximo de sensibilidade para o doce estava na ponta. Mais tarde, em 1942, um psicólogo chamado Edwin Boring decidiu usar esses mesmos dados para trabalhar numa variação quantitativa da sensibilidade e esboçar um diagrama. Esse diagrama foi mal interpretado e confundiram-se as zonas de baixa sensibilidade relativa com zonas sem sensibilidade: nasce assim o mapa da língua!"
O Que Sabemos Hoje?
Em 1974 os resultados de Hanig foram examinados novamente por uma investigadora de nome Virginia Collings, que acabou por realizar ela própria outras experiências para completar os dados. O que constatou ela: há, de fato, variações na sensibilidade relativa da nossa língua, mas as diferenças são tão pequenas que acabam por ser insignificantes! 
Todos os gostos podem ser detectados por qualquer zona da língua que possua papilas gustativas, e a sensação de sabor funciona por mecanismos tão complexos que é irrelevante tomar em consideração estas pequenas flutuações. Mesmo quando achamos que somos capazes de detectar essas diferenças, tal deve-se mais à sugestividade do nosso cérebro que à sensibilidade da nossa língua.
No entanto, 1974 já foi tarde demais. O mapa da língua já se tinha difundido de tal modo que se tornou complicado destruir o mito. Dos manuais escolares aos livros de divulgação, dos museus de ciência às atividades promovidas por instituições e escolas, o mito do mapa da língua crescia e apoderava-se do nosso imaginário coletivo.
E eis o que revelou um estudo publicado no site da NCBI (National Center for Biotechnological Information), apresentado por LM Bartoshuk num simpósio da CIBA em 1993 (o texto a seguir é o resumo do trabalho): 
O estudo de pacientes com distúrbios gustativos (como "experimentos da natureza") sugere que os antigos mapas da língua (doce na ponta, amargo no fundo) que costumam aparecer nos manuais estão errados. Se fossem corretos, danos aos nervos gustativos presentes na frente da língua resultariam na perda da capacidade de apreciação do doce, etc. Isto não acontece. 
O corte desses nervos acarreta poucos efeitos sobre a experiência gustativa cotidiana porque os nervos do paladar inibem-se uns aos outros. Danos a um nervo retiram-lhe a capacidade de inibir os demais, e a liberação da inibição compensa o dano. Há, às vezes, um custo clínico para essa redundância; a liberação da inibição pode produzir fantasmas gustativos. Variações genéticas na capacidade de apreciação do sabor ocorre em espécies e entre espécies. 
Por exemplo, cerca de 25% dos humanos são relativamente irresponsivos a uma variedade de compostos doces e amargos (não-degustadores), enquanto outros 25% são anormalmente responsivos (superdegustadores). 
Os superdegustadores têm cerca de quatro vezes mais papilas gustativas que os não-degustadores, e possuem papilas fungiformes menores e mais agrupadas. Como há fibras sensíveis à dor associadas às papilas gustativas, os superdegustadores são incomumente responsivos à ardência oral de certos temperos.
Um artigo publicado por Richard Gawel no site "Aroma Dictionary"  acrescenta interesse à discussão, pois foi escrito por um profissional dos vinhos, e baseia-se nos estudos mencionados acima. Eis um trecho significativo:
"Estudos eletrofísicos, segundo os quais a atividade elétrica dos receptores gustativos é medida na presença de estímulos, também embasam essas interpretações. Eles mostram que a grande maioria dos receptores gustativos dispara sinais elétricos, e portanto provocam a sensação de sabor, na presença de todos os sabores básicos. Cai por terra a especificidade dos receptores, a pedra angular por trás do mapa da língua.
Como educador sensorial e do vinho, creio que esta questão recebe bem mais atenção do que merece. Se analisarmos como o mapa dos sabores (correto ou não) ajuda ou não a avaliar vinhos, a única conclusão que podemos extrair é a de que ele tem pouco uso prático. 
Primeiro, mostrou-se que a capacidade de detectar sabores no limiar tem baixa correlação com a sensibilidade supralimiar. Como a maioria dos componentes que resultam nos sabores básicos dos vinhos é encontrada em concentrações bem acima do limiar, o valor prático de se conhecer a variação na detecção dos limiares é questionável. 
Segundo, só podemos aplicar o mapa dos sabores se pudermos efetivamente localizar sabores na língua. Mas como faríamos isso? Se você tomar um cotonete e saturá-lo com uma solução salgada intensa, passando-o sobre a ponta da língua, onde há muitos receptores, e sobre o meio, onde são escassos, perceberá que a intensidade do sabor não diminui conforme se poderia esperar. Como esta simples ilustração de uma ilusão gustativa comum é análoga ao vinho que se move sobre a língua durante uma degustação, é pouco provável que nós, humanos, possamos localizar com facilidade sabores em situações reais de degustação.
Talvez, como educadores do vinho, devamos dizer a nossos alunos o que realmente afeta nossa capacidade de degustação. Como exemplos, temos a enorme variação entre indivíduos (da ordem de centenas de vezes) no número e na distribuição dos receptores gustativos, que afetam diretamente a intensidade com que percebemos os sabores. Além disso, a quantidade de saliva e seu ritmo de produção varia muito entre indivíduos, e isto, por sua vez, tem imensas implicações em nossa percepção do amargor, da doçura, da salinidade, da adstringência e, principalmente, do azedume.
 Por último, e mais importante, nossa percepção de um produto complexo como o vinho é determinada pela interação dos sabores, dos aromas e das sensações táteis produzidas pelos diversos componentes do vinho. É no conhecimento da natureza dessas interações que, segundo creio, devemos concentrar o ensino da arte de degustar vinhos."
Pesquisas práticas sobre a influência da taça
O mesmo autor do artigo anterior, Richard Gawel, publicou outro texto resumindo dois experimentos sobre a influência do formato dos copos na apreciação mais ou menos adequada dos vinhos. 
 Inicialmente, ele define "sabor" no contexto da degustação de vinhos como a percepção de:
1. a intensidade e o perfil aromático do vinho;
2. a intensidade dos sabores individuais do vinho, e o impacto global ou combinado desses sabores; 
3. o impacto destes três importantes sabores básicos do vinho: acidez, doçura e amargor, 
4. a sensação de boca ou tátil conferida pelo vinho. Entre outras, temos o corpo e (nos vinhos tintos) a adstringência.
Em seguida, ele apresenta o resultado dos experimentos citados. 
O primeiro chamou-se "A influência do formato da taça de vinho sobre a percepção de aroma e intensidade de cor de vinhos", de autoria de Margaret Cliff e publicado no Journal of Wine Research (2001), Vol.12, pp. 39-46. Frise-se que aqui o foco está no aroma e não no sabor dos vinhos.
O método usado pela autora foi a comparação entre duas taças da Riedel, Chardonnay e Burgundy, e a taça ISO, para avaliar a intensidade da fruta, o grau de volatilidade e a intensidade geral de um vinho tinto e de um branco, realizada literalmente às cegas (com vendas sobre os olhos).



O resultado foi o seguinte:
1. Independentemente do tipo de vinho (se tinto ou branco, correto ou volátil), a intensidade aromática total do vinho foi maior na taça Riedel Burgundy®, seguida pela taça ISO e depois pela Riedel Chardonnay®.
2. As diferenças na intensidade dos aromas foram relativamente pequenas, da ordem de um ponto ou menos numa escala de dez pontos.
3. A intensidade total do aroma tem uma forte correlação com a proporção entre o diâmetro da taça (bojo) e o diâmetro de sua abertura (boca).
O segundo estudo mencionado por Gawel intitulou-se "Impact of wine glasses for sensory evaluation" (Impacto da taça de vinho na avaliação sensorial), de autoria de Ulrich Fischer e de Britta Loewe-Stanienda, publicado no Journal International des Sciences de la Vigne et du Vin, Special Issue Wine Tasting, pp. 71-80.
O método consistiu na comparação de cinco taças com altura, diâmetro de bojo e de boca diferentes, sendo um deles a taça ISO adotado internacionalmente e outro a taça DIN usada na Alemanha; outras foram taças consideradas específicas para determinados tipos de vinhos. 
O objetivo foi avaliar o perfil aromático e defeitos de cinquenta e um vinhos brancos e tintos, entre corretos e defeituosos, por meio de degustação com degustadores vendados.


As descobertas foram as seguintes:
1. Duas das taças (número 9, aparentemente uma taça para Chardonnay, e o número 6, aparentemente uma taça para Bordeaux) produziram um aroma geral mais intenso na maioria dos vinhos sendo estudados (até 64% mais intenso do que o ISO). Interessante notar que, apesar das dimensões diferentes, os perfis aromáticos produzidos pelas duas taças foram quase idênticos.
2. A taça 3 (aparentemente uma taça para Sauvignon Blanc) produziu um perfil aromático similar à taça ISO, apesar de sua forma ser bem diferente.
3. A taça DIN, com seu tamanho reduzido e boca relativamente aberta produziu aromas com menos de 50% da intensidade daqueles produzidos pela taça ISO para a maioria dos aromas avaliados.
4. Tal como Cliff (2001, o artigo apresentado acima), a intensidade do aroma esteve bastante correlacionada com a proporção entre o diâmetro da taça (bojo) e o de sua abertura (boca).
A conclusão global apresentada por Gawel é que:
1. Apesar das alegações de alguns fabricantes, parece que diversas taças, com formatos diferentes, são igualmente eficazes na "otimização" do aroma dos vinhos.
2. Esses estudos sugerem que um fator importante para "realçar" o aroma é a proporção entre o diâmetro da taça (bojo) e o diâmetro de sua abertura (boca).
3. Finalmente, o autor destaca que "os resultados desses estudos não podem ser extrapolados para o sabor, o gosto ou a sensação de boca dos vinhos.
Complementando esses artigos, encontramos uma análise rigorosa realizada por J. P. Delwiche e M. L. Pelchat no Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade de Ohio, publicada no Journal of Sensory Studies 17 (2002).  
Os sujeitos estavam alheios ao objetivo do estudo e a pistas visuais, pois estavam com olhos vendados e não tocaram nas taças empregadas no experimento. O sujeitos foram 21 mulheres entre 19 e 43 anos, e 9 homens entre 21 e 58 anos, e só ficaram sabendo do objetivo após a realização do teste. 
Foram quatro as taças empregadas: uma para Chardonnay, uma para Bordeaux, uma do tipo genérico (em vidro) usada em restaurantes e um cálice de forma quadrada de cristal. 
As amostras foram de 60 ml de vinhos californianos, um deles o Cabernet Sauvignon Napa Valley 1996 de Robert Mondavi e o outro um Chardonnay Sonoma Valley 1998 da Kenwood.
As conclusões do estudo foram que "não se encontraram diferenças significativas entre as taças... a única exceção foi a intensidade total, na qual a taça de Bordeaux [portanto apropriado, em tese, para o vinho de Cabernet Sauvignon – N. do A.] teve resultados significativamente inferiores [grifo meu] do que os das taças quadrada e da de Chardonnay. 
Um resultado obtido nesse estudo confirma a descoberta anterior – a de que existe uma correlação positiva e significativa entre a percepção da fruta e a relação entre o diâmetro da boca da taça e seu bojo.
Um comentário dos autores do estudo ajuda a explicar o resultado insatisfatório da taça de Bordeaux – a de que com o bojo e a altura dessa taça, de dimensões maiores do que as das outras taças, o conteúdo da taça fica mais distante do nariz dos sujeitos, diluindo os elementos voláteis do vinho e reduzindo portanto a percepção.
E a conclusão final desse estudo foi a seguinte: "não houve diferença significativa nos resultados entre as taças, embora a percepção do vinho na taça de Bordeaux tenha sido menor. Foram encontradas diversas correlações significativas entre atributos psicofísicos e as características físicas das taças. Estas descobertas sugerem que o formato da taça tem um impacto limitado sobre a experiência olfativa [grifei] de vinhos, mas que esses efeitos são sutis". 



Flûtes ou taças abertas para champanhes e espumantes?
Uma sugestão feita, entre outros, pelo principal enólogo do Dom Pérignon, Richard Geoffroy, é a de se beber champanhe (e, aventuro-me a dizer, qualquer espumante) na taça apropriada para sua uva principal. Como disse Geoffroy para o autor Mark Oldman, com isso, "a boca toca e aproveita melhor o nobre vinho de Champagne".
Essa flagrante quebra de paradigma – que implica em sacrificar a apreciação do perlage e do colchão de espuma em nome da melhor apreciação do sabor e dos aromas – mostra que pode haver, de fato, uma revolução em andamento no mundo da apreciação dos vinhos.
Conclusão
Embora não sejam rigorosamente conclusivos, esses estudos mostram que não há um embasamento científico a justificar a formação de uma verdadeira coleção de taças diferentes. 
Por incrível que possa parecer, a boa e velha taça ISO de tantas degustações ainda é uma excelente opção para se apreciar um vinho, embora, para quantidades maiores de bebida (isto é, na experiência real e possivelmente gastronômica com o vinho), seja melhor uma taça com uma pequena diferença entre o diâmetro da boca e do bojo.

NOTA DO EDITOR DE ARTWINE (Arthur Azevedo) - com a devida concordância do autor... 

Com todo o respeito pelas conclusões científicas, NADA substitui o prazer de se degustar um grande vinho numa taça de cristal, de tamanho e formato adequado. 
Vale a pena destacar que, evidentemente, a taça não tem o poder de melhorar um vinho de má qualidade, mas o contrário é certamente verdadeiro - um grande vinho numa taça errada pode não se expressar de forma adequada. 
Os grandes vinhos precisam de espaço para mostrar seus incríveis aromas e acreditamos que o tamanho e o formato das taças especiais, como as extraordinárias taças Riedel e outras disponíveis no mercado brasileiro, oferecem o cenário ideal para os grandes vinhos mostrarem todas as suas qualidades. 
Se for para usar uma taça universal e o objetivo da degustação não for estritamente técnico, nossa recomendação é uma taça um pouco maior que a ISO, mas de mesmo formato - hoje existem várias opções no mercado como a Riedel Magnum, a Strauss e a Spigelau. Experimente e tire as suas próprias conclusões...


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Vinhos importados ficam 10% mais caros
28 de agosto de 2013 | 8h 47

JOSETTE GOULART - Agencia Estado

SÃO PAULO - A valorização de 20% do dólar em relação ao real, neste ano, começa aos poucos a chegar aos preços dos vinhos e cervejas importadas nas adegas, supermercados e empórios brasileiros. O movimento ainda se restringe a algumas marcas de bodegas argentinas e chilenas e a poucas dezenas de cervejas. No entanto, as importadoras já comunicaram às lojas que precisam repor produtos nas prateleiras que terão de pagar mais pelas bebidas.

Nas duas últimas semanas, os preços de alguns rótulos de vinhos subiram de 5% a 10%, como os da uva Malbec Catena, Alma Negra e o Benegas. Os chilenos Carmen, Gran Tarapacá e Requinguá também tiveram reajustes. A expectativa dos comerciantes é de que, na média, os vinhos importados fiquem 15% mais caros já no próximo mês e a estratégia de venda tem sido lembrar aos clientes: aproveite esse preço para levar algumas garrafas a mais. O gerente do Empório Net Drinks que fica no bairro de Higienópolis, em São Paulo, Narciso Ferreira Filho, diz que a pressão de reajuste das importadoras já está forte o suficiente para impedir descontos mesmo para aqueles que compram em quantidade. Casa Flora, WineBrands, Decanter e Mistral já avisaram que vão subir os preços no próximo mês, diz Ferreira. No caso da Mistral, a própria tabela já está em dólar.
Em algumas casas, como a Baccos, os vendedores têm dado dicas de vinhos com qualidade parecida à dos mais caros, mas que custem até metade do preço. O vendedor Cristiano de Souza não titubeia em recomendar a seus clientes que troquem o ícone Catena, na faixa dos R$ 70, pelo Lote 44, que custa R$ 40. O Lote 44 é feito por um vinhedo que é dissidente do Catena, tem ótima qualidade.
Em faixas de preço mais elevado os reajustes também serão inevitáveis, mesmo dos vinhos europeus cotados em euros. Algumas garrafas como o Petrvs, que custavam R$ 12 mil na Casa Santa Luzia, já têm previsão de custar mais de R$ 20 mil na próxima leva. Mas o gerente Marcelo Lopes Marcelindo explica que não será só o dólar o responsável. Tínhamos aqui um Petrvs 96 que é superado de longe pelo da safra de 2009 que vai chegar. Marcelindo diz que apenas o Requingua teve reajuste na adega da casa até agora, mas já se espera uma alta generalizada na medida em que os estoques forem trocados. Pela sua experiência, entretanto, num primeiro momento os clientes se retraem, mas logo voltam a consumir.
No caso das cervejas especiais, a preocupação é zero do proprietário do Empório Alto de Pinheiros, Paulo Almeida, que vende mais de 600 marcas de cervejas importadas e 20 diferentes tipos de chope. Ele diz que caminha para ter faturamento recorde no mês de agosto. A casa tem seis anos e os clientes têm sido fiéis.
A importadora Tarantino, que por mês traz ao País cerca de seis mil caixas de cervejas, já repassou 10% da valorização do dólar aos produtos e mesmo assim as vendas estão crescendo e também terá mês recorde. O consumidor de cervejas especiais é o jovem com formação acadêmica que trabalha para seu próprio sustento. Não é mais aquele jovem da década de 80 que trabalhava para ajudar a família, diz Marcos Aurélio Simões de Souza, da Tarantino. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013


O Vinho e o Sushi

Combinação difícil, mas nunca impossível. 

Por Cristiano Lanna

Ao longo do tempo, países que não tinham uma cultura de vinho, foram desenvolvendo sua gastronomia sem a mínima preocupação de harmonizar seus pratos. Isso até que era bastante razoável, já que não havia o vinho para beber, então por quê se preocupar com a harmonização? Muitos países do oriente ainda tinham uma filosofia de que para um prato se completar, ele deveria ter um pouquinho de cada um dos cinco sabores, salgado, azedo, amargo, doce e umami - este pouco conhecido por aqui, mas que tem uma ligação direta, e difícil, com os taninos dos vinhos tintos.

O doce na comida faz diminuir a sensação dos açúcares do vinho, fazendo com que sua acidez se sobressaia além da conta. Não é a toa que nas sobremesas bebemos vinhos doces, pois conseguem manter a doçura frente a uma grande quantidade de açúcar. Vinagres e limão podem deixar o vinho “chato” e desequilibrado. Portanto, o que poderíamos combinar com um sushi? O quitute japonês, preparado ao mesmo tempo com vinagre, açúcar, wasabi e peixe, é talvez um dos grandes desafios da harmonização.

De cara escolhemos os brancos, apesar de alguns até defenderem algumas harmonizações entre tintos e peixes, um sushi é um prato complexo demais para se arriscar algo tão controverso. Ainda não vi uma combinação que tivesse dado certo e acredito que as chances de dar certo seriam quase nulas.

Dentre os brancos damos preferência aos que tenham acidez levemente acentuada e boa estrutura aromática.

Vale lembra que mais difícil que harmonizar com o peixe, é harmonizar com o açúcar, o vinagre e o wasabi presentes no arroz.

Surpreendentemente, vinhos de um país que sempre ficou um pouco de lado no mundo do vinho tem se mostrado uma ótima opção de harmonização. Os rieslings alemães, são estruturados o suficiente para aguentar tantos ataques sucessivos e ainda se mostrarem vigorosos. Sua estrutura aromática ainda frutada, mas com toques florais e de especiarias, prevalecem e ainda combinam muito bem com o gengibre servido entre um e outro sushi. O arroz funciona como uma cama para a complexidade aromática que esses vinhos apresentam. Lembrando que as notas de pêssego, peras e rosas, geralmente encontradas nestes vinhos, casam muito bem com as nuances dos peixes crus.

Mesmo assim, é importante frisar que estamos falando dos vinhos secos, ou quase secos. Em se tratando de alemães, procure as palavrastrocken, seco, ou halbtrocken, meio seco, mas cuidado para não confundir com trockenbeerenauslese que são vinhos doces feitos com uvas já desidratadas, e definitivamente para sobremesas. Um spätlese, colheita tardia mas ainda pouco doce, ainda seria uma boa escolha.

Outras opções são brancos que tenham boa estrutura aromática, como os gewurztraminer alsacianos. Sua amplitude de aromas de especiarias continua bem viva após um sushi. Estes, também recomendo até com comidas mais gordurosas, picantes e pesadas como a tailandesa e a chinesa. As uvas Viognier e Torrontés também costumam se portar muito bem, especialmente exemplares mais jovens que ainda mantém sua acidez bem presentes. Acredito que essa última seja uma grande revelação. Os aromas de abacaxi que a Torrontés costuma apresentar combinam maravilhosamente com o peixe, sobretudo com aqueles gordos pedaços de atum. Ótimo, pois aqui no mercado brasileiro encontramos vários bons exemplares a bom custo da nossa vizinha Argentina.

Finalmente, Champagnes e espumantes de bom corpo também fazem boas harmonizações.

Eles são uma combinação clássica para peixes crus e defumados, além de frutos do mar como ameijoas, ostras e vieiras. Com sushi também caem bem, mas evite preparações muito doces, como os molhos teryaki ou agridoce, pois podem arruinar um grande espumante.

Apesar de todas as dicas, o mais importante na hora de harmonizar a cozinha oriental é testar. Lembrando sempre que a acidez e a doçura serão os maiores desafios, e depois, pense no tipo de peixe ou fruto do mar que acompanham. Até poucos anos ainda era impensável beber vinho com sushi, mas isso não impede de se fazer uma grande harmonização. Este ainda é um mundo a descobrir, então vamos desbravá-lo.





O VINHO VERDE

Luís Lopes

O Vinho Verde é um vinho bem amado dos portugueses, em segundo lugar no ranking de consumo nacional (daquele país), a seguir ao Alentejo e à frente do Douro. Mas é também, se excetuarmos os Alvarinho, um vinho relativamente pouco valorizado (o que não deixa de ser uma injustiça face à enorme evolução da região e dos seus vinhos ao longo dos últimos anos) e, sobretudo, um eterno desconhecido, a começar pelo nome. Vinho “Verde”, porquê? Desde há muito que os apreciadores colocam esta questão, mas nunca receberam uma resposta convincente.
A versão "oficial" foi durante largos anos (e, se se fizer a pergunta a diversos produtores da região, ainda é) a de que os Vinhos Verdes ganharam o nome devido ao aspecto verde e fresco da paisagem minhota. Mesmo nos meses de Verão, o verde da paisagem era acentuado pelas vinhas, que subiam pelas árvores (nos tradicionais "enforcados") e se expandiam pelas bordaduras dos campos de cultivo, em ramadas e latadas. Tão bonito e idílico, não é? Mas não é verdade. Esta versão foi encontrada para contrariar a ideia original de que os vinhos se chamavam Verdes por serem feitos de uvas não completamente maduras, ou pelo menos não tão maduras quanto nas das outras regiões vinícolas nacionais. 
A verdade, por vezes, é incómoda. Mas tudo indica que, efectivamente, o nome Vinho Verde, que já vem do século XIX, se deve precisamente ao facto da conjugação do clima e das antigas técnicas de viticultura locais (vinhas exuberantes, conduzidas em altura e profusamente regadas pela água das hortas) condicionarem a maturação das uvas. Ou seja, esses vinhos chamaram-se Verdes porque eram efectivamente feitos de uvas verdes. Tanto que, a legislação vitivinícola portuguesa de 1946 dividia os vinhos nacionais, precisamente, entre "verdes" e "maduros". Segundo a mesma legislação, os Verdes deveriam ter entre 8 e 11,5 de teor alcoólico (com excepção do Alvarinho que teria entre 11,5 e 13). Na categoria "verdes", embora noutra região, entravam ainda os vinhos de Lafões, com um mínimo de 9 graus. Os Maduros, teriam um mínimo de 11 graus e dividiam-se entre "vinhos de mesa" e os "típicos regionais", onde, a título de curiosidade, se encontravam, apenas, os Douro, Dão, Bucelas e Colares. Depois, havia os vinhos especiais, onde entravam espumantes, licorosos, generosos (os licorosos mais nobres - Porto, Madeira, Moscatel de Setúbal e Carcavelos), aperitivos, medicinais, etc. Mas isso é outra história, para outra ocasião.
Em conclusão: na origem da designação Vinhos Verdes estará, efectivamente, a constatação de que eram feitos de uvas não completamente maduras. É uma curiosidade histórica, se quisermos, mas que hoje não tem qualquer importância. A vinha e o vinho na região dos Vinhos Verdes, passaram por enormes transformações nas últimas duas décadas. Hoje, na sua maioria, é uma região de viticultura moderna, com castas de grande qualidade (Alvarinho, Loureiro, Avesso, por exemplo), e uvas que atingem o ponto de maturação ideal. A região dos Vinhos Verdes tem condições para fazer alguns dos melhores brancos nacionais. E, muitas vezes, faz.
A origem do nome Vinhos Verdes é como a estória do esqueleto do tio-avô pirata guardado no armário. Para a grande maioria, deve lá ficar para sempre, sem ver a luz do dia e muito menos vir tomar chá na sala. Para outros, entre os quais me encontro, deveria ser sentado à mesa e apresentado aos amigos, como parte da história de uma região que tem muito de que se orgulhar.

Fonte: Revista de Vinhos – Portugal

terça-feira, 20 de agosto de 2013

As 10 maiores marcas de vinhos do mundo (em vendas)

Ranking anual do The Drinks Business mostra quais as marcas de vinhos campeãs em volume de vendas globais

Mirela Portugal, de Exame.com

As mais vendidas

Quando o assunto é quantidade, marcas dos Estados Unidos e da Austrália superam mercados tradicionais como Itália e França em volume de vendas de vinho. É o que mostra o ranking anual do The Drinks Business, que lista as 10 maiores marcas de vinho em quantidade de vendas no mundo inteiro.
O primeiro lugar, ocupado pela marca americana Gallo, é responsável por mais de 1 bilhão de litros comercializados anualmente. Mas chama a atenção também a segunda posição, ocupada por uma vinícola chinesa, a Great Wall. Da América Latina, apenas a Concha & Toro entrou na lista. Confira o ranking completo a seguir:

1. Gallo
País de origem: Estados Unidos
Nascida na Califórnia, a vinícola fundada em 1933 responde pelo maior volume de vinho vendido no mundo inteiro, com mais de um bilhão de litros comercializados por ano. A liderança é mantida com a ajuda de um portfólio de quase 50 rótulos, distribuídos no mercado americano e em mais de 60 países.

2. Great Wall
País de origem: China
Como não poderia deixar de ser, a China posiciona-se entre os primeiros do ranking, com a marca Great Wall. Relativamente jovem, com fundação em 1983, a empresa é líder em volume de vendas no promissor mercado chinês. Entre os rótulos mais conhecidos estão os do tipo Château Sungod e o Terroir Wine.

3. Hardy's
País de origem: Austrália 
Fundada em 1853, a marca está presente em mais de 80 países. Entre as bebidas mais conhecidas estão as do tipo Eileen Hardy Chardonnay, o Shiraz e o Thomas Hardy Cabernet Sauvignon. Segundo levantamento da consultoria Intangible Business, a marca é avaliada em 10 milhões de dólares.

4. Concha & Toro
País de origem: Chile 
Única representante da América do Sul no ranking, a marca nascida em 1883 é responsável por 33% das exportações do disputado mercado do Chile. Um de seus rótulos prioritários é o Casillero del Diablo, cujas vendas globais aumentaram 8% em 2012, segundo dados oficiais.

5. Yellow Tail
País de origem: Austrália
Criado em 2001, a marca rapidamente se tornou uma das maiores histórias de sucesso de exportação da Austrália. Agora, a companhia investe para expansão no Reino Unido. Entre seus rótulos mais conhecidos estão os do tipo espumante, o Shiraz, o Chadornnay e o Grenache.

6. Sutter Home
País de origem: Estados Unidos
Também nascida na Califórnia, a marca cresceu nos anos 80 com a estratégia de oferecer vinhos de qualidade a preços acessíveis. Seus vinhos mais conhecidos são do tipo rosé e espumante. Um dos lançamentos da empresa, o White Zinfandel, de 1972, se tornou o vinho premium mais vendido nos Estados Unidos na época de seu lançamento.

7. Robert Mondavi
País de origem: Estados Unidos 
O fundador da marca, Robert Mondavi, é reconhecido pelo mercado como um dos responsáveis pela construção da fama dos vinhos do condado de Napa, na Califórnia. Seus rótulos mais conhecidos incluem o Napa Valley Chardonnay e o Cabernet Sauvignon Reserve.

8. Beringer
País de origem: Estados Unidos 
Fundada em 1875, a marca nascida na Califórnia ficou conhecida no mercado interno pelos seus rótulos do tipo Moscato, e mais tarde pelas bebidas do segmento de luxo. Para se expandir além do mercado americano, a empresa investiu em parcerias voltadas para o turismo na Europa, principalmente torneios de golfe internacionais.

9. Lindeman’s
País de origem: Austrália 
Com reputação mundial de fazer vinhos de qualidade a preços razoáveis, a marca nascida na Austrália em 1843 sempre teve bom desempenho em exportações. A empresa agora investe em expansão para os mercados da África do Sul e do Chile.

10. Jacob's Creek
País de origem: Australia
Fundado há 160 anos, o vinho australiano cresceu 1,5% em volume de vendas dentro do mercado interno do país em 2012, ao mesmo tempo em que conquistou impressionantes 32% de salto em consumo na China. Segundo a consultoria Brand Finance, a marca está avaliada em 338 milhões de dólares.



Texto de João Afonso • Foto Ricardo Palma Veiga

A ROLHA

Ainda que nada tenha diretamente a ver com vinho, a rolha de cortiça desempenha um papel decisivo na sua conservação em garrafa. A sua eficácia nesta função tem originado grande polémica e ao longo dos últimos anos têm surgido novos vedantes.

Cortiça, alumínio, plástico e vidro são as matérias-primas utilizadas no fabrico de vedantes para garrafas de vinho. Mas nem sempre foi assim. Até há bem pouco tempo a rolha de cortiça era o único vedante utilizado. O exponencial aumento dos engarrafados a partir da segunda metade do século passado e, fundamentalmente, o aumento de problemas com o “gosto a rolha” atribuído à rolha de cortiça, desencadeou uma revolução no mercado de vedantes para vinho.

Apesar de tudo o que foi feito ou refeito, a rolha perfeita continua a não existir, e com o advento das novas tecnologias, onde se destaca a prometida e revolucionária nanotecnologia “a procissão pode ainda ir no adro da Igreja”.

A nobre cortiça

A cortiça consiste num tecido vegetal com centenas de milhões de células suberizadas, inertes e impermeáveis. Estas células, cheias com gás, formam uma estrutura compressível e elástica. A cortiça pode ser comprimida para metade do seu volume sem perder flexibilidade e possui a particularidade única de poder ser comprimida numa dimensão sem alterar a outra. Estas características fazem da cortiça um vedante natural impermeável com extraordinária eficácia. Ao longo de séculos tem ajudado a escrever a história do vinho que hoje conhecemos. É, por assim dizer, o maior aliado do homem na conservação e melhoramento dos vinhos acondicionados em garrafa. Para muitos a rolha de cortiça é parte integrante da imagem da garrafa de vinho. Até quando?

Início das Hostilidades

A revolução de Abril de 1974 trouxe os primeiros problemas à rolha de cortiça. Os montados mudaram de mãos e a cortiça era por vezes tirada apenas com 6 anos de idade. Na década de 80, a qualidade das rolhas diminuiu significativamente e nos finais da década surgiam os primeiros processos movidos por produtores de vinho australiano contra os seus fornecedores de rolhas. A lei acudia ao lesado e o negócio da rolha de cortiça natural começou a tremer.

Em 1989, a indústria portuguesa de fabrico de rolhas era fortemente censurada por muitos produtores de vinho. Meio mundo reclamava da fraca qualidade das rolhas de cortiça. Nesse mesmo ano, enquanto poderosas cadeias inglesas de distribuição começam a testar rolhas sintéticas e cápsulas de rosca, as companhias nacionais de cortiça, em conjunto com o governo, fundam o Centro Tecnológico da Cortiça (CTCOR) em Santa Maria de Lamas.
Objectivo – Apurar as causas dos problemas de qualidade das rolhas.

O “Calcanhar de Aquiles” da Cortiça

O 2-4-6 Tricloroanisol (TCA) foi considerado o principal culpado. É um composto químico responsável pelo gosto a mofo, a bolor e a bafio em cerca de 80% dos vinhos contaminados. Este poderosíssimo contaminante pode estar presente em papel, cartão, plástico, vidro, recipientes metálicos, madeira, barricas e também...na cortiça. O seu limiar de percepção situa-se a 1.5 ppt ou ng/l (parte por trilião ou nanograma por litro) – ou seja, uma simples gota deitada numa piscina olímpica é suficiente para contaminar a água – mas a maioria das pessoas detecta o problema a cerca de 5 ppt.
É um químico complexo com várias origens: fungos presentes nas imperfeições da estrutura celular da cortiça, os polifenóis próprios da cortiça e produtos utilizados na preparação da cortiça interagem parcial e integralmente levando à formação deste composto.

Contudo, o “gosto a rolha” não é apenas atributo do TCA. Existem outros cloroanisóis como o tetracloroanisol (2-3-4-6 TeCA detectável a 10 ng/l) ou o mais preocupante tribromoanisol (2-4-6 TBA detéctavel a 4 ng/l) formado a partir do tribromofenol, usado como pesticida nas estruturas de madeira das adegas, que pode contaminar barricas, rolhas, plásticos, cartão ou madeira das caixas de vinho.

Tudo isto foi metido no mesmo saco e as culpas caíram todas, e ao mesmo tempo, na nobre rolha de cortiça. Percentagem de contaminação inaceitável... a cortiça destrói os nossos vinhos,... é em suma o que transcreviam os inúmeros artigos escritos sobre o tema em finais de oitenta, no preciso momento em que os vinhos iniciam uma ascensão de preços nunca antes testemunhada.

Rolhas alternativas

Rolhas sintéticas, cápsula de rosca (screwcap), rolha de vidro, Zork....
Começando pelas primeiras, a tecnologia moderna ainda não conseguiu criar um substituto sintético para a rolha de cortiça natural. Existem inúmeras rolhas deste tipo no mercado mas múltiplos estudos aconselham apenas o seu uso em vinho de consumo rápido (um, dois anos máximo). Esta rolha não veda totalmente a garrafa e permite importantes trocas de oxigénio com o vinho engarrafado (0.01 cc por dia e por rolha enquanto que esse índice na cápsula de rosca e em boas rolhas de cortiça é inferior a 0.001 cc por dia e por rolha) levando à sua oxidação precoce. Entre as várias marcas sobressaem a Nomacork, Neocork e Nukorc. São baratas, visualmente atraentes e podem ser usadas nas linhas de engarrafamento convencionais.

A cápsula de rosca tem sido o vedante mais popular na guerra contra a rolha de cortiça natural. São uniformes, muito fáceis de abrir e vários estudos comprovam que é o vedante que mantém os níveis mais elevados de SO2 livre (antioxidante). Tem a vantagem de evitar oxidações e a desvantagem de promover reduções com inerentes aromas desagradáveis. No entanto, a imagem que têm junto do consumidor (europeu principalmente) desprestigia o vinho que usa a cápsula de rosca, é um vinho barato de todos os dias, é um vinho com pouco estatuto, enquanto a rolha mantém as preferências de estética, ambientalista, para não esquecer o ritual do abrir da garrafa com o saca-rolhas.

O vedante de vidro Vino-lok, usado por muitos produtores de vinho alemão e austríaco, é outra alternativa a ter em conta. É inerte, neutra, muito eficaz como vedante, é reciclável e esteticamente perfeita, apenas uma desvantagem – o preço que por enquanto se mantém elevado

A rolha australiana Zork é outra alternativa interessante para vinhos de consumo rápido, atraente, fácil de utilizar e pode também ter futuro.
Por último, a Pro-cork que usa cortiça natural isolada por uma membrana de 5 camadas em cada extremidade que não permite contacto do vinho com a rolha e assegurando a impermeabilidade. Esta é uma alternativa que junta cortiça com sintéticos de um modo eficiente.

A Guerra das rolhas

A “Guerra das Rolhas” está para durar. Neste debate global, os números e dados científicos apresentados por cada indústria favorecem a própria em detrimento da concorrência. Ninguém se entende e muitas das vezes é mais o preço a orientar a escolha do produtor que qualquer outra coisa. Nos estudos e pareceres veiculados por ilustres técnicos e universidades as conclusões são muitas das vezes contraditórias.

Perante a crescente concorrência, a indústria corticeira tem respondido a um bom nível. Centenas de milhões de euros têm sido investidos na erradicação do TCA, na criação de novos tipos de rolha assim como na certificação maciça dos procedimentos tecnológicos das inúmeras empresas. Os resultados têm vindo a revelar-se positivos. Esta conclusão surge não só de múltiplos estudos feitos em vários pontos do Mundo como também da experiência prática da Revista de Vinhos recolhida ao longo dos painéis de prova dos últimos anos.
A rolha de cortiça, que desde há 3 séculos criou o vinho que conhecemos hoje, é um vedante para o qual hoje há concorrência efectiva, mas pensamos que dificilmente deixará de cumprir a missão para qual a natureza a criou.
Quanto às alternativas: as rolhas sintéticas são as que menos têm provado, enquanto que a cápsula de rosca continua a conquistar adeptos em particular em países pragmáticos e poucos arreigados à tradição (Austrália e Nova Zelândia à cabeça) e quase sempre escolhida para vinhos brancos, rosés e tintos jovens. A sua resposta a vinhos com potencial de envelhecimento mantém-se uma incógnita. Quantos às restantes rolhas que existem e outras mais que poderão aparecer veremos que história terão para contar no futuro que se adivinha bem movimentado para qualquer dos vedantes.

Da rolha de cortiça à cápsula roscada

Nos anos 30 do século XVII Kenelm Digby inventa a garrafa de vidro. Cinquenta anos depois, uma segunda revolução, com o desenvolvimento da rolha de cortiça. 

As primeiras rolhas de cortiça eram cónicas e em 1680 D. Pérignon deu-lhes o lugar das rolhas de madeira no gargalo de uma garrafa com vinho espumante. Em 1830 surgem os equipamentos capazes de introduzir rolhas cilíndricas nos gargalos das garrafas e 60 anos depois são fabricados os primeiros aglomerados de cortiça. Em 1903 inventam-se as rolhas de duas peças, com a parte inferior de cortiça natural e a superior com aglomerado.
Nos nossos dias, produzem-se rolhas de cortiça de diferentes tipos e dimensões – de cortiça natural, de aglomerado, mistas, cilíndricas, cónicas, para champanhe, de inserção manual, ‘twin top’, etc. 

O nascimento da cápsula de rosca (screwcap) é bem mais recente. Em 1959, a companhia francesa La Bouchage Mécanique introduz o Stelcap-vin depois da Stelcap ter provado eficiência com espirituosos e licores. Em 1970, a Australian Consolidated Industries adquiriu os direitos de fabrico e a Stelcap foi rebaptizada por Stelvin (na foto). No entanto, o receio do fracasso junto dos preconceitos do consumidor manteve este ‘screwcap’ em ‘stand-by’ até começarem os problemas com a rolha de cortiça natural. A partir de 2000, o uso deste vedante começou a crescer exponencialmente e em 2004 calcula-se que cerca de 200 milhões de garrafas de vinho australiano foram seladas com cápsula roscada. O movimento contagiou a Nova Zelândia que forma em 2001 a New Zealand Screwcap Initiative. Nessa data, 1% dos vinhos neozelandeses usavam cápsula roscada. Em 2004 era já 70%.

Fonte: Revista de Vinhos – Portugal.

domingo, 18 de agosto de 2013

Primeira edição do WineIn propõe análise sobre o vinho tinto brasileiro no mercado 
15-08-2013
 
O vinho tinto brasileiro no mercado é o centro das atenções do primeiro WineIn, evento que promoverá um grande debate sobre a potencialidade dos tintos elaborados no Brasil, nos dias 22 e 23 de agosto em São Paulo, no Centro Fecomercio de Eventos.

Temáticas como o terroir do Brasil e suas pérolas, o mercado brasileiro e os vinhos produzidos para ele e o marketing do vinho serão abordadas e discutidas por técnicos, jornalistas, profissionais e dirigentes do setor vitivinícola de todo o mundo no primeiro dia do evento, 22, que tem como foco os aspectos do mercado nacional.

A discussão amplia-se no dia 23 para a produção internacional de vinhos. Brasil versus China é o tema da primeira palestra, que inclui uma análise sobre o novíssimo mundo do vinho e como ele se apresenta no mercado mundial. Mais detalhes no BOX abaixo.

“Estamos diante de um encontro que discute abertamente o que precisamos para tornarmos produtores participantes dos mercados do futuro, interno e externo. Discutiremos questões que não se restringem à qualidade do que está sendo engarrafado, mas também logística, escala, georeferenciamento e relações intersetoriais”, explica Breno Raigorodsky, coordenador e idealizador do WineIn.

Participações internacionais

Além de comandar algumas das palestras, especialistas internacionais também foram convidados para integrar o júri técnico das degustações que, juntamente com um júri popular, irão eleger os 5 melhores vinhos brasileiros abaixo e acima de R$50 e desafiá-los com rótulos argentinos e chilenos.

Referências no mundo do vinho como James Lapsley, professor da UC Davis (University of California Davis), uma das mais prestigiadas universidades de enologia do mundo, participará das discussões do WineIn ao lado de Olivier Bourse, representante da Université de Bordeaux; Daniel Marquez, brand ambassador de vinhos e destilados nos EUA; Cláudio Salgado, sommelier do Marriott de Hong Kong; Roberto Rabachino, jornalista, professor e sommelier italiano; Charles Byers, canadense, escritor e radialista; e Andrew Shaw e Amy Friday, ambos da Importadora Bibendum do Reino Unido.

“A presença de especialistas estrangeiros no encontro traz credibilidade ao evento que tem, como um dos seus pontos mais ousados, o enfrentamento entre vinhos consagrados do Chile e da Argentina contra vinhos brasileiros, todos criteriosamente escolhidos para concorrer”, diz Raigorodsky.

A programação do WineIn terá início às 9h e segue até às 21h, O encontro tem patrocínio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e é realizado pela Exponor Brasil, com supervisão técnica do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) e apoio da Fecomercio e do Comitê do Vinho da FecomercioSP.

Circuito Brasileiro de Vinhos

Integrado ao Wine In acontecerá, ainda, a etapa paulista do Circuito Brasileiro de Degustação. As atividades começam às 16h, sendo que até as 19h são reservadas a profissionais do setor de vinho, comércio e jornalistas. Depois, entre as 19h e 21h, o Circuito é aberto aos consumidores finais convidados.

Participam 23 vinícolas de seis diferentes regiões produtoras do país: Aracuri Vinhos Finos, Casa Valduga, Casa Venturini Vinhos e Espumantes, Cooperativa Vinícola Garibaldi, Domno do Brasil, Don Abel Vinhos Premium, Dunamis Vinhos e Vinhedos, José Sozo Vinhos, LÍDIO CARRARO Vinícola Boutique, Luiz Argenta Vinhos Finos, Miolo Wine Group, PIZZATO Vinhas e Vinhos, Quinta Don Bonifácio, Sanjo – Cooperativa Agrícola de São Joaquim, Vinícola Routhier & Darricarrère, ViniBrasil, Vinícola Aurora, Vinícola Campos de Cima, Vinícola Kranz, Vinícola Nova Aliança, Vinícola Peterlongo, Vinícola Perini, Vinícola Salton e Projeto Suco de Uva 100% do Brasil.

SERVIÇO
Informações e Inscrições
WineIn - info@winein.com.br
Circuito Brasileiro de Degustação - cintia.silva@exponor.com.br
Centro Fecomercio de Eventos
Rua Doutor Plínio Barreto, 285 - Bela Vista
Telefone (11) 3149.9444
Vagas limitadas | Obrigatória confirmação de presença até o dia 19 de agosto


Programação WineIn 

Dia 22 de agosto, quinta-feira

Palestras:
9h30 – 10h30
“Terroir do Brasil e suas Pérolas”
11h00 – 12h30
“O mercado brasileiro e os vinhos que produzimos para ele.”
14h30 – 16h00
“O marketing, os formadores de opinião.”
16h00 – 17h30
Degustação Terroir

Degustações:
JURI ESPECIAL
18h00 – 19h30: Escolha dos 5 brasileiros abaixo de R$50
20h00 - 21h30: Challenge Brasil X América Latina abaixo de R$50

JURI POPULAR
18h00 – 19h30: Escolha dos 5 brasileiros abaixo de R$50
20h00 – 21h30: Challenge Brasil X América Latina abaixo de R$50

Dia 23 de agosto, sexta-feira

Palestras:
9h30 – 10h30
“BRICS, Brasil X China. O Novíssimo Mundo do Vinho se apresenta como player no mercado mundial.”
11h00 – 12h30
“EUA, produtor e importador, um espelho para o Brasil. Uma aula sobre como os EUA chegaram ao que são em produção e consumo.”
14h30 – 16h00
“Tendências internacionais: onde estamos e onde podemos estar no futuro próximo.”
16h00 – 17h30
Degustação BRICS


Degustações:
JURI ESPECIAL
18h00 – 19h30: Escolha dos 5 brasileiros acima de R$50
20h00 - 21h30: Challenge Brasil X América Latina acima de R$50

JURI POPULAR
18h00 – 19h30: Escolha dos 5 brasileiros acima de R$50
20h00 – 21h30: Challenge Brasil X América Latina acima de R$50