by Marcelo Forggi - Sommelier e Advogado

domingo, 29 de setembro de 2013

Todo vinho é saudável?


Que o vinho traz benefícios reais à saúde, quando consumido com moderação, parece que quase todo mundo já sabe. Mas será que existem alguns vinhos que são mais saudáveis do que outros?

O segredo está na quantidade de componentes antioxidantes presentes em cada taça, como procianidinas e resveratrol, encontrados principalmente nas cascas e sementes das uvas. E todos os tipos de vinho possuem esses componentes, só que em maior ou menor escala.

A escolha do seu vinho, é claro, não será definida somente pelo potencial benéfico dele. 

Antes de mais nada, prevalece seu gosto pessoal, é claro. Mas veja quais são as pistas para identificar quais vinhos podem ser os mais saudáveis!

Por tipo de uva

A cepa considerada a mais saudável de todas é a Tannat, com sua casca grossa e quantidade de sementes superior à média (5 sementes por bago, enquanto o comum são apenas 2 ou 3). Outras cepas que se destacam pelo natural potencial de benefício para a saúde são: Cabernet Sauvignon, Nebbiolo, Petit Verdot, Sangiovese, Tempranillo, Malbec e Shiraz.

Por outro lado, algumas cepas naturalmente apresentam menos componentes antioxidantes, não tendo, portanto, o mesmo potencial benéfico: Cabernet Franc, Carmenère, Pinot Noir, Barbera, Zinfandel, Primitivo, Grenache, Merlot e Gamay.

Por estilo de vinificação

Como as procianidinas e o resveratrol, bem como outros polifenois do vinho, estão presentes nas sementes e cascas das uvas, o estilo de vinificação também afeta enormentemente o valor benéfico de cada vinho.

O segredo dos vinhos mais saudáveis, em relação ao método de produção, é a duração dos processos de fermentação e da maceração, ou seja, a duração do contato com as cascas e sementes. Por isso, encontramos mais antioxidantes nos vinhos tintos, embora brancos envelhecidos em carvalho também possam ser bastante tânicos e saudáveis.
Sendo assim, pequenas produções artesanais, como vinhos de autor, costumam ser mais saudáveis que os grandes lotes de produção comercial.

Por região de origem

Sem nos esquecermos de que é uma generalização, é possível ter uma orientação dos vinhos mais saudáveis, também conforme a região de origem:

Australianos tendem a ter menores níveis de procianidinas, mesmo quando produzidos com a tânica uva Shiraz. Os tintos de Bordeaux e da Borgonha estão entre os moderados, assim como os espanhóis.

Italianos do Sul, incluindo os insulares de Sicília e da Sardenha, em geral têm altos níveis de procianidinas. Californianos produzidos com Tannat ou com Cabernet Sauvignon merecem destaque nos benefícios à saúde. E argentinos, como o Malbec, costumam ter alguns dos mais altos níveis de antioxidantes.

De qualquer maneira, vale ressaltar: o consumo moderado de vinho traz inúmeros benefícios à saúde, mas não é indicado para todas as pessoas. Na dúvida, consulte um médico.


sábado, 28 de setembro de 2013

Evento aponta melhores vinhos da safra 2013

Avaliação Nacional de Vinho reuniu 800 pessoas em Caxias do Sul

Por Erik Farina


Foram conhecidos na tarde deste sábado, no Centro de Eventos de Caxias do Sul, os 16 vinhos mais representativos da safra 2013 no Brasil. As variedades com melhores pontuações, conforme a Avaliação Nacional de Vinhos, foram escolhidas por 120 enólogos no mês de agosto.

Sao elas: Chardonnay – Casa Valduga Vinhos Finos; – Riesling Itálico/ Chardonnay / Pinot Noir – Chandon do Brasil; Pinot Noir – Vinícola Geisse; Riesling Itálico – Cooperativa Vinícola Aurora; Chardonnay – Cooperativa Vinícola Nova Aliança; Chardonnay – Luiz Argenta Vinhos Finos; Chardonnay – Vinícola Góes e Venturini; Sauvignon Blanc – Vinícola Miolo; Cabernet Franc – Vinícola Salton; Bueno Bellavista Estate; Cabernet Sauvignon – Rasip Agropastoril; Malbec – Vinícola Almaúnica; Marselan – Vinícola Dom Cândido; Teroldego - Vinícola Don Guerino; Teroldego – Vinícola Monte Rosário; Vinhos Rotava; Merlot – Vinícola Perini.

O evento de apresentação teve como jurados 16 especialistas do Brasil e do Exterior, que comentaram as características da safra.

Considerada uma das maiores avaliações do mundo, o evento reuniu mais de 800 pessoas e teve 309 vinhos inscritos. Durante o evento, foram homenageados o enólogo chileno Mário Geisse e o jornalista Irineu Guarnier Filho com o Troféu Vitis.




sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O vinho e o sono

Além de reduzir o risco de doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, envelhecimento prematuro e várias formas de câncer, o vinho tinto também ajuda o corpo a obter o descanso que ele precisa para se recuperar da rotina diária.

Um estudo de cientistas italianos da Universidade de Milão, publicado há alguns anos no Journal of the Science of Food and Agriculture, descobriu uma grande presença de melatonina em algumas variedades de uvas viníferas.

A melatonina é um hormônio que “avisa o corpo que é hora de dormir”, além de ser um potente antioxidante e desintoxicante das nossas células.

A pesquisa foi realizada com 8 diferentes cepas, todas provenientes de controlados vinhedos do Instituto Experimental de Viticultura, em Treviso, situado no nordeste da Itália:

Nebbiolo e Barbera, por serem as principais variedades do Piemonte

Sangiovese, pela sua relevância na Toscana

Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, pela importância na produção mundial

Croatina e Marzemino, duas uva locais

A concentração de melatonina percebida pelos pesquisadores foi maior na cepa Nebbiolo, seguida pela Croatina e Barbera. Cabernet Sauvignon, Sangiovese e Merlot apresentaram índices considerados medianos, enquanto Marzemino e Cabernet Franc apresentaram apenas vestígios do hormônio.

O que se concluiu com esse estudo, é que o álcool presente no vinho pode não ser o único responsável pelo efeito relaxante que essa bebida proporciona. E, talvez, um copo de vinho tinto antes de dormir tenha mais vantagens do que imaginamos.

Mas, como a ciência só vive e evolui a partir do questionamento, é importante trazer um outro lado da moeda: alguns especialistas recomendam evitar o consumo de bebidas alcoólicas antes de dormir, pois o álcool poderia prejudicar o sono profundo, mantendo algumas pessoas somente nos estágios mais leves de sono. Dessa forma, é bom ficar atento para ver qual é a reação específica do seu corpo, antes de decidir o que é melhor para você. Na dúvida, obviamente, sempre procure um médico.

E, enquanto a ciência pesquisa, a gente desfruta. Com responsabilidade, é claro.


quarta-feira, 25 de setembro de 2013


O VINHO NA MAÇONARIA
por Maria Paula Boloca Carvalho Vendrell - Portugal


Dizem-se os filhos da luz e pretendem transformar homens bons em homens melhores. Segundo o Rito Escocês Antigo e Aceito, que assenta em três pilares – Sabedoria, Beleza e Harmonia percorrem o caminho que os leva ao Grande Arquiteto do Universo desde tempos imemoriáveis.

Transportam consigo a ciência do traço, o número e a regra no maior dos segredos. Quando partem, no céu são as estrelas que iluminam na terra os seus irmãos, transmitindo-lhes força, para que continuem fiéis aos seus ancestrais princípios.

Eles, os maçons, não querem nem precisam do poder dos profanos, porque são o poder que reconhece nos lugares sagrados a encarnação do divino na matéria. Com o cinzel, deixaram as suas marcas nas mais magníficas catedrais góticas da Idade Média que o mundo conhece.

Com o esquadro e o compasso estabeleceram planos, traçaram desenhos, calcularam e realizaram a obra que o Rei Salomão quis erguer, para louvar e honrar a memória do Deus de seu pai, o bíblico rei David, – o 1º Templo – em Jerusalém, guardião da Arca da Aliança que continha as Tábuas da Lei.

Senhores da Espada Flamejante dos Cavaleiros; do Triângulo do fogo ou da água; do divino Delta Luminoso e da Pedra Cúbica; retos como fio-de-prumo, escolhidos para transmitir a luz. Nos seus templos, colunas unem a terra com o céu, entre elas trocam segredos; e sobre elas colocam o fruto da união – como uma dádiva, bagos como favos de mel, sã a bela e perfeita Romã. No círculo mágico da sua Cadeia de União, na matéria geram energia, que eleva o espírito nas ocultas decisões, como uma barca se move na bruma sem se ver.

Diz a lenda, que com folhas de Acácia, símbolo da imortalidade, cobriram o túmulo do Mestre Hiram Abif – o egípcio Príncipe dos Arquitetos, que no silêncio escutava o vento do deserto que lhe devolvia respostas.

Procuram a verdade Universal, sobrepõem a espiritualidade ao materialismo, defendem a liberdade e os direitos humanos, a intimidade e convicções pessoais, solidários com os desfavorecidos querem a fraternidade entre os homens, tolerantes, de isenção política e religiosa, buscam o aperfeiçoamento individual, em democracia anseiam a paz entre os povos, defendem a natureza e o Universo

Juntam a lua com o sol, no brilho do orvalho da manhã, crescem na construção do seu próprio templo interior, onde um céu salpicado de estrelas, os leva para outra dimensão. Na sua fortaleza, tecem com fios de espectros, o deslumbramento da alma no seu Deus revelado. Há quem diga que a Bíblia é um documento de inspiração maçônica  Há quem associe o inicio da Maçonaria à construção do Templo, na época do Rei Salomão, ou que a coloque na alma dos arquitetos egípcios que ergueram as grandes pirâmides da história.

Amados e odiados, temidos e cobiçados, os maçons desde sempre foram perseguidos, e desde sempre resistiram às maiores atrocidades cometidas contra si.

Perpetuando no tempo, a sábia espiritualidade da alma numa dimensão atemporal, em corpos geometricamente concebidos, pela Mão de Deus. São a expressão visível do invisível, mantendo no seu poder a essência sagrada.

Nem Hitler, com a sua gigantesca maquinação conseguiu extorquir-lhes os mais ocultos mistérios. Nem na Idade Média, Filipe IV (o Belo), rei de França, os desmantelou, quando a 13 de Outubro de 1307 desencadeou a perseguição a todos os membros da Ordem. É então que os Cavaleiros Templários saem de França. Sendo acolhidos noutros países, (em Portugal a Ordem dos Templários foi reformulada em Ordem de Cristo), mas um grande grupo de cavaleiros ao fugir de França, consegue ir rumo à Irlanda e Escócia.

Por esta altura são divulgados os romances dos Cavaleiros da Távola Redonda, na busca do Santo Graal liderados por Sir Lancelot, Galahad e Percival, e é originado o Rito Escocês Antigo e Aceito, cuja religião aceita é a antiga, e sobre o qual assentam até hoje, as práticas rituais maçônicas, exercidas pela Maçonaria Regular oficialmente reconhecida em todo o mundo

Até meados do séc. XVIII, a maçonaria foi operativa, pois os maçons eram construtores, e é pela época em que o mais antigo e importante documento maçônico  denominado pelas “Constituições de Anderson” é concebido - 1723, que passa a ser especulativa. A origem do Rito Escocês Antigo e Aceito é posterior ao final do século XVII inícios de XVIII, sendo antes o rito mais antigo o de York.

Nos inícios da maçonaria, existiram algumas lojas de adoção só de homens, em que as mulheres em certas circunstâncias podiam assistir. No século XIX, como consequência do movimento reivindicativo feminista, formaram-se lojas femininas e mistas; embora em França a Grande Loja Feminina exista apenas acerca de 60 anos e em Portugal há aproximadamente 5 anos. Todavia ambas as maçonarias, masculina e feminina são guardiãs da mesma tradição segundo o R.E.A.A., e por isso usando dos mesmos símbolos, e praticando os mesmos ritos e rituais, até à atualidade.

Os maçons reúnem-se em Grandes Lojas ou Loja, onde cada irmão tem o seu Grau correspondente - basicamente (aprendiz, companheiro e mestre).

Após terminarem as sessões rituais de Loja, segue-se habitualmente o ágape, e no seu decurso bebe-se vinho, e com ele se fazem brindes, sendo que o vinho na Maçonaria tem um valor simbólico, remetido à fraternidade do espiritual, e relativamente às circunstâncias em que é utilizado, varia conforme ritos e rituais exercidos.

Na consagração de um Templo ou de uma Loja:
No decorrer de um processo de sagração maçônica  de um espaço devidamente decorado para poder ser caracterizado como um Templo Maçônico  é utilizado um ritual que evoca a construção do Templo de Salomão, assim, de uma ânfora de vinho tinto, faz-se derramar um pouco do mesmo sobre o quadro do tapete do Templo, que simbolizará a alegria que deve reinar entre os irmãos.

No início de um Ágape Maçônico:

Ágape é o nome atribuído a uma refeição maçônica, geralmente um jantar que se segue a uma reunião de maçons, ritualmente desenvolvida na respectiva loja, ou em assembleias da Grande Loja, que reúnem além do Grão-Mestre, representantes de todas as lojas.

No início de um Ágape, um maçom designado para o efeito, profere uma evocação simples, na qual é acompanhado por todos os presentes, em que toma numa mão um copo de vinho tinto e na outra um pedaço de pão, explicando que o vinho simboliza o espírito e o pão a matéria, ambos devem ser partilhados, em solidariedade para com os desfavorecidos, que sofrem por falta de bens espirituais ou materiais.

Durante o Ágape 
Maçônico

Iniciada a refeição ou banquete maçônico, normalmente e de forma ritual, desenvolvem-se sucessivamente no tempo, e sequencialmente três tipos de brindes com o vinho:

a) Por iniciativa do Venerável Mestre, no caso de um ágape de responsabilidade de uma Loja, ou de um Grão-Mestre no caso de um ágape da Grande Loja, este pode tomar a palavra para distinguir algum irmão presente, em que o saúda, e brinda do seu lugar, levantando-se, erguendo o copo e a taça, depois do Mestre-de-cerimônias anunciar solenemente que o Venerável, ou o Grão-Mestre deseja “beber vinho com”, ou brindar ao homenageado em causa, que igualmente de pé, retribui o brinde, e em silêncio, bebe da taça simultaneamente.

b) Por ordem do maçom que preside ao banquete, e depois de servido o primeiro prato (ou entrada), o Mestre-de-cerimônias propõe ou indica, quem vai propor uma série ritual de brindes proferidos, espaçadamente e sucessivamente, destinado ao:
- Chefe de Estado (Presidente da República, e por exemplo em Inglaterra á Raínha, e em Espanha ao Rei);
- Soberanos e Chefes de Estado que em todo o mundo protegem a maçonaria;
- Grão-Mestre; (ou Venerável Mestre);
- Grandes Oficiais;
- Aos ilustres visitantes;

Após estes brindes rituais, abre-se um período de brindes livres, em que qualquer maçom presente, pode propor um brinde de sua iniciativa
c) Finalmente, no encerramento do ágape maçônico  existe um brinde simbólico denominado brinde das 11 horas, que evidencia pela posição dos ponteiros, o aspecto de um compasso prestes a fechar-se, o que ocorre à meia-noite pela sobreposição dos ponteiros.

Neste brinde, o Grão-Mestre (ou Venerável Mestre) permanece sentado, e o maçom mais jovem (ou o aprendiz mais recente) coloca-se de pé imediatamente por detrás, coloca a sua mão esquerda no ombro direito daquele, ergue a sua taça e profere a seguinte saudação: “ A todos os maçons que se encontrem longe de suas casas, ou afastados dos seus, em sofrimento, ou em viagem, na terra, no ar, ou no mar, desejamos-lhes um pronto restabelecimento, e o seu regresso a casa, se assim o desejarem”.

Todos os maçons presentes, de pé, erguem então as suas taças de vinho, e respondem em uníssono: “ A todos os maçons”.
 
Em algumas ocasiões, quem preside ao banquete maçônico pode retribuir este brinde. Levanta-se, e de frente para o aprendiz, estando este com a taça erguida, toca-a com a sua, e declara: “meu irmão – eu não sou mais que tu”; de seguida tocam-se outra vez as taças, e declara: “meu irmão – tu não és menos do que eu”; depois, pela terceira vez, tocam-se as taças, e declara: “meu irmão, tu e eu somos iguais, bebamos juntos”, e de seguida, entrelaçam os braços e bebem simultaneamente. Os irmãos presentes saúdam este final com uma salva de palmas.

Qualquer das sessões de Loja ou de Grande Loja, são realizadas em espaços privativos ou reservados. Os ágapes maçônicos, embora possam também efetuar-se em restaurantes públicos, o local escolhido deve ser recatado e discreto, utilizando terminologia ritual.

Os brindes maçônicos são sempre feitos com vinho tinto, (pólvora negra) e de pé. Os copos são levados à boca de forma pausada e ritmada, que começa com o alinhar dos canhões (copos), apresentar armas, e apontar. São retribuídos por todos os maçons com a expressão “Fogo”.

Feito o brinde, bebido o vinho de forma ritual, em três tempos, (fogo, bom fogo e fogo à vontade), o copo retoma a sua posição na mesa, também com gesto ritual, sequencial, em três tempos, terminando com o pousar do copo, simultâneo com um ruído seco.

Não conheço bebida mais misteriosa que o vinho.
Não conheço homem mais enigmático que o maçom.
Não há bebida mais nobre que o vinho.
Não há homem de retidão mais implacável que o maçom.

Por isso a sua união é harmoniosamente perfeita.
A sabedoria conhece o que é Sagrado, e sabe que não deve ser profanado.
Há segredos que a Natureza e algumas mentes humanas luminosas, no seu imenso poder, jamais revelarão.

Maria Paula Boloca Carvalho Vendrell
Eng.ª T. Agro-Alimentar (Área – Enologia)

Agradecimentos:
Ao Venerável Dr. Luís Nandim de Carvalho, pela sua simpatia, pelo seu comportamento de verdadeiro maçom na disponibilidade prestada, por tudo o que com ele aprendi, pela indicação de documentos sobre maçonaria, e documentos cedidos sobre os rituais do vinho na maçonaria, que tornaram possível a realização deste artigo

À Dra. Olga Maria Serra, pela paciência com que me ensina tantas coisas sábias.


Bouchonné

Escrito por: Equipe Sobre Vinho



Em francês, bouchon significa rolha. Portanto, bouchonné, na tradução literal, é um vinho rolhado. Mas o que significa isto?

Bouchonné ou doença da rolha é um vinho que foi infectado por um composto tricloroanisol, conhecido como TCA. Uma substância química que surge da presença de fungos na rolha de cortiça. Tal elemento ofusca os verdadeiros aromas do fermentado, dando-lhe um cheiro terrível de mofo.

O TCA só pode ser identificado depois de o vinho ser aberto. Em estágios iniciais, o aroma pode não ser reconhecido, causando certa controvérsia entre os especialistas. No entanto, quando consumido, o fermentado perde o sabor da fruta e desenvolve gostos que vão do mofado ao avinagrado, tornando-se intragável.

Bouchonné faz mal?

Não há componentes que sejam prejudiciais à saúde em um vinho bouchonné. O fermentando conta apenas com cheiro e gosto ruins, fazendo mal ao paladar.

Qual a chance de comprar um vinho bouchonné?

Estima-se que 5% dos fermentados de uva produzidos no mundo vedados com rolha de cortiça estejam contaminados pela doença da rolha. Número equivalente a mais de um bilhão de garrafas por ano, que independem da qualidade, nível ou procedência do vinho.

Se for servido um vinho bouchonné em um restaurante, pode trocar?

Claro! Todo restaurante com um serviço bom de vinho irá trocar sua garrafa sem titubear e um sommelier bem preparado irá saber identificar a bebida que estiver com o problema. Apenas lembre-se que não vale trocar a garrafa porque não gostou do vinho.

Existe alguma solução para evitar o bouchonné?

Além de uma higiene mais cuidadosa e da guarda correta dos vinhos, o bouchonné pode ser evitado quando a rolha de cortiça for trocada por modelos sintéticos de rosca, plástico ou screw cap. No entanto, os enófilos mais tradicionais detestariam aposentar o saca-rolhas.

Os brasileiros, principalmente, são muito resistentes a essa mudança. Sempre acham que os vinhos com embalagens que não sejam com rolha de cortiça são inferiores, o que não é verdade.


domingo, 22 de setembro de 2013



Os benefícios que o vinho traz à saúde são frequentemente estudados, por especialistas no mundo todo. Mas foi da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, no Brasil, que recentemente saiu uma interessante pesquisa.

Esse estudo, realizado no Laboratório de Desenvolvimento de Alimentos Funcionais, analisou um total de 666 diferentes vinhos tintos produzidos na América do Sul, com rótulos brasileiros, argentinos, uruguaios e chilenos, todos com preços abaixo de 50 dólares, e todos monovarietais.

Com a ajuda do Instituto de Matemática e Estatística da USP, foi desenvolvido um modelo matemático que, através de inúmeros cálculos, envolvendo parâmetros como a capacidade antioxidante e o teor de compostos fenólicos, mede a funcionalidade de cada vinho.

Funcionalidade é a capacidade que um alimento tem de proporcionar benefícios à saúde. 

Daí o termo “alimentos funcionais”.

Os resultados da pesquisa permitiram classificar os vinhos em 3 categorias: baixa, média e alta funcionalidade. Dentre as cepas avaliadas (Cabernet Sauvignon, Malbec, Carmenère, Tannat, Merlot e Syrah), os melhores resultados apareceram em rótulos de Malbec e de Tannat, produzidos na Argentina, com preço acima de 15 dólares.

Os pesquisadores acreditam em uma utilidade bastante prática para esse estudo. Segundo eles, o modelo matemático desenvolvido pode vir a ser utilizado na criação de um tipo de “selo de qualidade” para vinhos, como forma de diferenciá-los, evidenciando ao consumidor quais têm maior potencial de fazer bem à sua saúde.

A pesquisa, coordenada pela professora Inar Castro, será publicada no prestigiado Australian Journal of Grape and Wine Research.

Como sempre, vale ressaltar: o consumo moderado de vinho traz, sim, inúmeros benefícios à saúde, mas não é indicado para todos. Na dúvida, consulte um médico.


sábado, 21 de setembro de 2013

As calorias do vinho


O consumo frequente e moderado de vinho é um excelente hábito para a saúde. Mas não podemos ignorar o valor calórico do vinho, assim como das outras bebidas. Estar familiarizado com essa informação pode ser muito útil. Assim, é possível manter esse prazer tão saudável, usando a teoria da compensação, sem arruinar sua dieta!
Dependendo do vinho, uma taça pode ter de 100 até 300 kcal. Os principais fatores são o teor de álcool, a doçura inerente ao vinho, e o tamanho da taça.
Veja, a seguir, algumas referências, e oriente sua escolha no dia a dia.
Antes de mais nada, vamos partir de uma premissa, tida quase como “universal”: cada garrafa de vinho de 750 ml equivale a 4 taças de vinho (187,5 ml cada). Essa quantidade vai variar muito de pessoa para pessoa, de dia para dia, e de taça para taça; mas é um referencial, ok?

vinho branco suave
Aqueles com menor teor alcoólico (até 9%), terão entre 100 e 150 kcal por taça. Sabe quais são esses vinhos? Moscato d’Asti, Chenin Blanc, Spätlese Riesling alemão, Lambrusco...
Se você escolher um branco suave de maior teor alcoólico, de 9 a 12%, considere entre 170 e 220 kcal por taça. Os vinhos desta categoria podem ser Gewürztraminer, Silvaner, Malvasia, entre outros. 

vinho branco seco
Brancos secos de menor teor alcoólico já partem, em geral, de 9%. Se ele tiver menos de 12% de álcool, estime cerca de 100 a 150 kcal a cada taça. As variedades nesse grupo são muitas: Pinot Blanc, Pinot Grigio, Torrontes, Trebbiano, Muscadet, Vermentino, Grenache, Verdejo, Albariño e o Vinho Verde português...
Não se engane: cepas como Torrontes, Muscadet e Pinot Blanc, por exemplo, podem estar presentes em brancos secos com teor de álcool entre 12 e 14%, também. Nesse caso, as calorias por taça devem estar entre 150 e 180. Outros exemplos são Chardonnay, Sauvingnon Blanc, Viognier e Marsanne.

vinho tinto
De Pinot Noir a Cabernet Sauvignon e Shiraz, qualquer taça de tinto seco com menos de 13,5% de teor alcóolico pode ser considerada como tendo entre 130 e 170 kcal.
Agora, se o vinho tinto tiver teor alcóolico variando de 13,5 a 16%, fique atento às calorias, que podem estar entre 160 e 200 por taça!

vinho espumante
Vinhos espumantes secos, sejam Champagnes, Cavas, Prossecos... com menos de 12,5% de álcool (teor máximo permitido para Champagne), vão apresentar calorias na faixa de 140 a 170 kcal por taça.
Já espumantes suaves, ou então com teor alcoólico alto (de 12,5 a 15%), serão mais calóricos, partindo de 170 e aproximando-se de 200 kcal por taça.

vinho de sobremesa ou fortificado
Aqui vai uma exceção para o tamanho da taça. Nesse caso, a taça-padrão é de 90 ml, já que os hábitos de consumo desses vinhos são mesmo diferentes. Contudo, não se deixe levar pelo tamanho da taça; vinhos como Porto, Sherry, Sauternes, Madeira, costumam apresentar entre 200 e 350 kcal por taça. Mas nada que pular a sobremesa não compense, não é mesmo?


O vinho contra a obesidade


Mais da metade dos brasileiros está acima do peso. De fato, o aumento nas taxas de obesidade é observado há anos, e em diversos países. E o que o vinho tem a ver, ou não, com isso?

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Navarra, na Espanha, acompanhou mais de 9.000 adultos sem doença crônica anterior, ao longo de 6 anos. Os consumidores frequentes de cerveja e de bebida destilada apresentaram ganho significativo de peso, quando comparados aos abstêmios. Entretanto, não houve associação entre o consumo frequente e moderado de vinho e aumento de sobrepeso ou obesidade. O consumo de vinho foi associado, inclusive, em alguns casos, à perda de peso.

Mas qual seria a relação entre o consumo de vinho e o controle da obesidade?

Um estudo da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, publicado em 2012 no Journal of Biological Chemistry, sugere que o vinho tinto pode ajudar a combater a obesidade, em função de um composto com estrutura química semelhante ao resveratrol, o piceatannol.

Esse composto, encontrado nas cascas e sementes das uvas, e também em outras frutas, tais como maracujá, inibe o processo de desenvolvimento das células adiposas. E essa pode ser a chave para evitar o acúmulo de células de gordura, e, consequentemente, o ganho de peso.

Um estudo anterior, realizado na Alemanha em 2008, na Universidade de Ulm, já havia chegado a uma conclusão semelhante, com a sugestão de que o resveratrol, antioxidante presente no vinho, inibe o crescimento dos precursores das células adiposas, evitando que se convertam em células maduras, e impedindo o armazenamento de gordura.

Os resultados destes estudos podem ser confundidos pelo fato de que, em geral, os bebedores de quantidades moderadas de vinho tinto tendem a escolher um estilo de vida e uma alimentação mais saudável.

De qualquer forma, essas são pesquisas que abrem portas para um potencial método de controle da obesidade, epidemia que assombra muitos países, inclusive o Brasil.



sexta-feira, 20 de setembro de 2013




Mais uma boa notícia vinda diretamente do mundo de Baco: o vinho deixa a pele de homens e mulheres mais saudável, e mais bonita. É como juntar o útil ao agradável, e ao útil de novo, e mais uma vez, ao agradável...

Pesquisas realizadas durante décadas, em diversas partes do mundo, atestam para diversos benefícios do consumo moderado de vinho para a saúde de nossa pele:

Antienvelhecimento
O vinho contém alta quantidade de antioxidantes, que combatem os radicais livres, proporcionando um efeito antienvelhecimento. Estudos mostram que os flavonoides presentes no vinho tinto têm poder antioxidante muito superior ao das vitaminas C e E.

Elasticidade
O vinho também nos fornece o mineral silício, um dos responsáveis na formação do colágeno, ajudando na elasticidade da pele, protegendo unhas, e evitando o desgaste dos fios de cabelos.

Combate à acne
O resveratrol presente, principalmente, no vinho tinto, também ajuda a pele deixando-a menos propensa à acne, e atuando como um agente anti-inflamatório, que ajuda a pele a recuperar-se da indesejada acne.

Hidratação
Se você tem pele seca, saiba que a alta concentração de ácidos alfa hidroxi no vinho tinto seco, como o ácido cítrico, tartárico e málico, é extremamente útil para restaurar a umidade natural da pele, mantendo-a macia e suave. 

Proteção contra os danos dos raios solares
Um estudo recentemente feito na Nova Zelândia comprovou vantagens significativas do consumo moderado de vinho branco para proteger a nossa pele dos danos causados pelos raios UV, principalmente, devido à redução considerável do nível de oxidação das proteínas da pele.

Não é à toa que a indústria cosmética tem, cada vez mais, colocado no mercado produtos à base de uvas e de vinho. E os tratamentos faciais à base desses cosméticos estão cada vez mais na moda!

Mas, por favor, não faça máscaras faciais caseiras utilizando o vinho. A acidez do vinho, interagindo com outros componentes, pode dar um resultado errado e perigoso para a sua pele. Utilize produtos aprovados pelos órgãos responsáveis, como a ANVISA.

Ou, mais prazeroso ainda, consuma vinho moderadamente, e garanta sua dose necessária de antioxidantes, fazendo do vinho um aliado da sua beleza!


Vinte anos após a descoberta do "Paradoxo Francês", estudos científicos continuam a explorar a complexa relação entre o consumo de vinho e saúde. Desta vez, a boa notícia vai para quem conhece as terríveis dores dos cálculos renais!

Quem já passou por isso sabe que a primeira recomendação é: consuma mais líquido! Mas um estudo recém-publicado mostra que nem todas as bebidas são igualmente benéficas para a redução da formação de pedras. Em particular, bebidas adoçadas artificialmente (incluindo refrigerante) são suspeitas de serem responsáveis por um aumento do risco de cálculos renais.

Esse estudo, publicado em maio de 2013 no Clinical Journal of the American Society of Nephrology, contou com mais de 194 mil pessoas, todas sem histórico de pedras nos rins, que foram acompanhadas ao longo de 8 anos. Durante esse período, 4.462 delas desenvolveram o problema, e os cientistas estabeleceram uma relação entre a incidência dos cálculos e os hábitos de consumo de bebidas dos participantes.

O consumo moderado de vinho, tanto o tinto como o branco, foi associado à diminuição da incidência do problema, com uma pequena vantagem, inclusive, para o vinho branco (redução de 31% do risco com vinho tinto, e 33% com vinho branco). Outras bebidas benéficas detectadas no estudo foram: café (com e sem cafeína), chá, cerveja e suco de laranja.

O efeito diurético do álcool talvez seja o motivo da redução do risco nos consumidores frequentes e moderados de vinho. Mas o mecanismo da diurese induzida pelo álcool ainda necessita de estudos mais esclarecedores. E, no caso específico de cálculos renais formados por ácido úrico, que são um tipo raro, ainda não há evidências que comprovem o benefício do consumo alcoólico, já que este estudo não fez tal distinção.
Nunca é demais lembrar que o consumo de álcool pode não ser indicado para todos, apesar do consumo moderado de vinho proporcionar benefícios para a saúde. Na dúvida, consulte um médico.


Descobertas 23 novas moléculas no vinho tinto


Até há bem pouco tempo, conheciam-se apenas 18. Mas agora sabe-se que o vinho tinto contém na sua composição outras 23 moléculas pertencentes à família dos estilbenóides, um tipo de polifenóis onde se contam, por exemplo, os taninos e os pigmentos. 

A descoberta deve-se a um trabalho de investigação científica conjunta entre a canadiana Universidade de British Columbia (UBC) e a australiana Universidade de Adelaide. E vem trazer mais argumentos a todos os que vêem nos tintos uma fonte de saúde. Existentes em grande quantidade na película da uva, os estilbenóides libertam anti-oxidantes durante o processo de vinificação. “São uma defesa natural da uva, garantindo protecção contra as infecções fúngicas e os efeitos da chuva”, explicou à revista Wine Spectator o chefe do departamento de química da UBC e um dos autores do estudo, Cédric Saucier.

Antes desta descoberta, a comunidade científica apenas tinha notificada a existência de 18 tipos diferentes de estilbenóides, entre os quais o resveratrol, o composto mais popular na argumentação a favor dos benefícios do vinho tinto para saúde humana. Os novos 23 componentes, no entanto, aparecem em quantidades menores do que as das outras moléculas já conhecidas - razão pela qual os cientistas nunca as terão detectado antes. 

Para a realização da descoberta agora anunciada, a equipa de cientistas analisou extractos concentrados de Merlot, Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, provenientes de adegas da região canadiana de Okanagan Valley e das colheitas de 2010, e depois separou os compostos para os poder analisar. Encontrou, então, 41 estilbenóides, entre os quais as novas 23 moléculas.

A revista diz que “múltiplos estudos têm confirmado os benefícios de muitos polifenóis, por isso é provável que estas novas entradas na família dos estilbenóides do vinho venham a ter efeitos benéficos na saúde. Mas a confirmação pode ainda demorar”. Muitos testes biológicos terão ainda de ser realizados para confirmar tais teses, salienta a publicação. É que os cientistas ainda estão a tentar perceber como os humanos metabolizam os polifenóis do vinho e como é que esses componentes interagem entre si, uma vez ingeridos. Mas Cédric Saucier tem já algumas convicções: “Descobrimos novos primos do resveratrol. Esperamos que os antioxidantes encontrados nestas moléculas vão adiar as doenças crónicas nos humanos, como o cancro, Alzheimer e doenças cardiovasculares”.

Fonte:  Revista de Vinho - Portugal

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Intel desenvolve processador capaz de funcionar à base de vinho

João Paulo Carrara para o TechTudo

Intel apresentou, durante o Intel Developer Forum, um processador tão eficiente que um copo de vinho tinto é capaz de fornecer energia suficiente para fazê-lo funcionar. Bastou mergulhar dois eletrodos baratos em uma taça com a bebida para o mecanismo condutor de eletricidade reagir com o ácido acético no drink. A pequena corrente elétrica gerada é o suficiente para alimentar um chipset de baixa potência.


Chip da Intel utiliza vinho tinto para gerar corrente elétrica (Foto: Reprodução)

A companhia acredita que esse tipo de chip é o futuro, especialmente quando se trata de conectar pessoas em países menos desenvolvidos. Outra pequena inovação inteligente demonstrada no evento diz respeito ao uso de um acelerômetro em dispositivos móveis configurado para reconhecer o estilo de andar do proprietário.

Para a Intel, se o telefone "sabe" qual atividade está sendo feita pelo usuário, ele vai desbloquear as aplicações mais rápido. O aparelho conseguiria prever que os aplicativos e funções utilizados quando a pessoa está parada são diferentes dos quais ela acessa quando está andando, por exemplo.

O projeto é ainda um conceito e não tem data para chegar ao mercado.